O Novo Museu de Arte Contemporânea da USP

Téchne

Novo Museu de Arte Contemporânea da USP exige recuperação estrutural em edifício de Oscar Niemeyer e construção de dois novos anexos
Luciana Tamaki

Fotos: Marcelo Scandaroli

Inicialmente previsto para remoção de forros e divisórias e recuperação de vidros, o retrofit da antiga sede do Detran-SP implicou recuperação de fachadas e até recuperação estrutural

Depois de décadas abrigando a antiga sede do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), o “Pavilhão da Agricultura”, edifício do Parque do Ibirapuera projetado por Oscar Niemeyer, mudaria radicalmente sua função. No local, agora, funciona o MAC USP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Além de adaptações por conta da mudança de atividade, também foram necessárias reformas por causa da idade do prédio.

Originalmente, o próprio Niemeyer havia feito um projeto de reforma e adequação. Seu projeto, ironicamente, não foi aprovado. “O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entenderam que as intervenções propostas descaracterizariam o bem, que foi tombado nas duas instâncias”, explica Angelo Mellios, assessor de obras da Secretaria de Estado da Cultura.

Com autorização do arquiteto, foi elaborado um novo projeto, desta vez somente de retrofit e adequação às normas do Corpo de Bombeiros e acessibilidade, “com as características originais do edifício e seu anexo mantidas”, conta Mellios. O projeto foi desenvolvido pela Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS).

Além do retrofit do prédio principal, o anexo também passou por reformas e, junto a ele, foram construídos mais dois prédios, um de cada lado: um para reserva técnica, destinado ao acervo das obras de arte, e outro de instalações, que abriga cabine primária, centro de processamento de dados e automação.

Dentre as exigências do tombamento, um exemplo é a altura dos novos blocos, que não poderia ultrapassar 3,50 m. Na verdade, esta restrição se deu tanto pelo fato de os prédios estarem na envoltória do prédio principal como pela proximidade ao Instituto Biológico, outro bem tombado.

O revestimento do piso do hall de entrada e da escada interna do prédio principal também eram tombados, e deveriam ser mantidos com as características originais. Na impossibilidade de se encontrar peças com a mesma tonalidade depois de tantos anos, foi necessário realizar sua recuperação individualmente. No hall de entrada, o granito preto encontrava-se bem desgastado por tantos anos de trânsito de pessoas no Detran-SP e, durante a obra, pela movimentação do material de construção. Algumas peças tiveram que ser removidas, limpas e polidas.

Já na escada interna do prédio, os degraus de granito, muitos deles quebrados, foram repostos por um processo de restauro que misturava granito moído com massa plástica, que formavam uma “argamassa” para ser aplicada nas falhas. A tela do corrimão foi recuperada da corrosão e dos pontos arrebentados com o mesmo tipo de material.

O gradil da marquise era outro item que também não poderia ser modificado, mesmo que esteja hoje totalmente fora das normas de segurança. A solução executada pela construtora foi colocar um guarda-corpo de vidro de segurança anteposto ao gradil, para evitar acidentes.

Novos anexos

Fotos: Marcelo Scandaroli

Dois novos edifícios foram executados do zero, a partir de uma cota 4 m abaixo do nível do solo. Sua arquitetura possui traços propositalmente diferentes daqueles do edifício de Niemeyer, para que se destacassem tanto a antiga construção quanto a nova. A fundação é semelhante à da caixa de escadas, com perfis metálicos cravados atuando como cortina e fundação. Ambos contam com lajes nervuradas.

O prédio de instalações tem área de 1.500 m², com laje executada de uma só vez. O prédio da reserva técnica também conta com laje sem emendas, mas sua área é de 2.800 m². “Começamos a concretagem de manhã e terminamos de madrugada. Foram mais de 100 caminhões betoneira que bombeavam, aos pares, o concreto autoadensável”, conta Rubens de Paula Paiva, diretor técnico da Simétrica.

Na reserva técnica, que abriga as obras de arte, foram necessários muito mais cuidados para garantir a segurança e o monitoramento. As paredes internas, por exemplo, são grauteadas. Mesmo usando blocos cerâmicos largos, de 20 cm, foi colocado graute dentro dos furos das peças para garantir a segurança de acesso. Outro item de segurança, desta vez contra incêndios, são as portas corta-fogo. São portas duplas que chegam a 5,40 m de altura. A sala de exposições do prédio anexo, já existente, tem 6,20 m de altura.



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